UMA FORMAÇÃO DE “UMA NOTA SÓ”: REFLEXÕES SOBRE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DIANTE DA RESOLUÇÃO CNE/CP N° 2/2019

Resumo

A proposta deste ensaio é analisar, criticamente, as recentes orientações do Ministério da Educação no que se refere às políticas de formação de professores. A partir da análise da Resolução CNE/CP n° 2, de 20 de dezembro de 2019, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial de professores para a Educação Básica, e definiu a Base Nacional Comum para a formação inicial de professores (BNC-Formação), pretende-se discutir sobre a precarização das políticas de formação docente na atualidade. Parte-se da hipótese de que a Resolução CNE/CP n° 2/2019 está alinhada a práticas empresariais da Educação, ao empresariamento de si, em detrimento de uma formação pautada pela reflexão e pela crítica. Metodologicamente, este artigo utiliza-se das produções teóricas da Revista Formação em Movimento – Revista da ANFOPE - situadas entre 2019 e 2020 para sustentar o debate crítico proposto. A conclusão é a de que as novas diretrizes de formação inicial docente da Educação Básica promovem uma formação aligeirada e alinhada à lógica empresarial. Como forma de resistência, de contraconduta, faremos uso das elaborações teóricas foucaultianas apresentadas no texto “Qu’ est-ce que la critique?” numa tentativa de expor que um indivíduo expropriado da crítica, deixa-se capturar pelas técnicas de modelagem de condutas de si, de docilização dos corpos.